Séculos XIX e XX

Séculos XIX e XX

sábado, 3 de julio de 2010

O Brasil e a Argentina. Texto 6 : Brasil 1889 - 1930

A República Velha
Conhece-se com esse nome ao período que vai desde 1889 a 1930. Este período é marcado pelas revoltas sociais e o Brasil se afirmou como exportador de café.
Na política, se sucederam governos das elites agrárias e mineiras em forma alternada, paulistas e mineiros. Por essa alternância se chama de “Política do café-com-leite”.
O Brasil teve treze presidentes em esse período e o desenvolvimento da indústria foi importante.

Nos finais de 1889, proclamou-se a República. O Marechal Deodoro da Fonseca tinha a liderança e começou um período de cinco anos de governos militares, sendo, no princípio, chefe do governo ele mesmo, ao renunciar, continuou seu vice-presidente Floriano Peixoto que intensificou a repressão aos que apoiavam à monarquia. O Brasil chamou-se Esta¬dos Unidos do Brasil.
A monarquia tinha suas leis e sua Constituição, para terminar com a monarquia tinham que ditar uma nova Constituição que representasse os interesses dos novos dirigentes.
A nova Constituição teve um avance nos direitos políticos das pessoas e inspirou-se no modelo norte-americano, ao contrário da Constituição imperial, inspirada no modelo francês. Os direitos mais destacados foram:
Adotaram-se três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário e instituiu-se o sistema presidencialista, o presidente da República era eleito por voto direto, por quatro anos, com um vice-presidente que assumiria a presidência no afastamento do titular.
Começou-se a falar do voto para todos os cidadãos incluindo às mulheres, os estrangeiros tiveram a cidadania, ao separar-se a igreja do estado se instaurou o casamento civil. As políticas beneficiaram ao setor agrário do país, principalmente, os do café do oeste paulista.
Na época escravista, os donos dos escravos faziam todas as compras, o dinheiro circulante era escasso, com a liberdade dos escravos e a chegada de muitos imigrantes se ampliou o trabalho assalariado a emissão de dinheiro foi necessária.
O Brasil foi dividido em quatro regiões, cada uma delas tinha um banco emissor. As regiões autorizadas para emitir dinheiro eram: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Procuravam também expandir o crédito a fim de estimular a criação de novas empresas.
A emissão em grande quantidade causou especulação na Bolsa de Valores e uma inflação desmedida, em vez de estimular a economia a crescer, desencadeou uma onda especulativa, algumas pessoas fizeram fortunas da noite para o dia, buscaram então, unificar as emissões no Banco da República dos Estados Unidos do Brasil, mas não deu certo.
A República foi obra, dos partidos republicanos unidos aos militares. As divergências giraram em torno da questão federalista: os civis defendiam o federalismo e os militares eram partidários de um poder central forte.
A Assembléia Constituinte, transformou-se em Congresso Nacional, encarregado de eleger o primeiro presidente da República. Para essa eleição apresentaram-se dois candidatos, Deodoro da Fonseca-Eduardo Wandenkolk e Prudente de Morais-Floriano Peixoto.
Deodoro era impopular, devido ao desgaste motivado pela crise desencadeada. Prudente de Morais tinha a maioria. Teoricamente seria eleito, embora por uma pequena margem de votos venceu Deodoro, seu vice entretanto, foi derrotado por ampla diferença por Floriano Peixoto.
Deodoro, não conseguia governar com Floriano Peixoto, fechou o Congresso e decretou o estado de sítio, mas fracassou e teve que renunciar, ficando em seu lugar Floriano Peixoto (novembro de 1891). Nos primeiros tempos conseguiu apoio, era uma volta à legalidade.
Floriano anulou o decreto que dissolveu o Congresso; controlou especulação financeira e a especulação alimentícia, através de seu tabelamento, se desencadearam então violentas reações contra ele, mais mostrou firmeza para continuar. Treze oficiais lançaram um manifesto, exigindo a imediata realização das eleições presidenciais, como mandava a Constituição.
A reação de Floriano foi simples: afastou os oficiais ocasionando uma revolta armada.
No Rio Grande do Sul, aconteceu uma grave divergência política, Floriano atuou energicamente reprimindo a revolta, o que lhe valeu o apelido de Marechal de Ferro.
Os cafeicultores contavam com aliados potenciais e compunham, economicamente, o setor mais poderoso da sociedade. A partir de 1894, o poder passou definitivamente para esses grandes fazendeiros. Mas foi com Campos Sales que finalmente se elaborou uma fórmula política duradoura: a "política dos governadores”.
Os acordos consistiam em uma troca de apoios mútuos entre os governadores e o presidente que garantia as eleições.
Em cada estado existia, uma minoria dominante, que, aliando-se ao governo federal, se perpetuava no poder. A aceitação dos resultados das diferentes propostas e eleições eram feitas pelo poder Legislativo, através da Comissão de Verificação. Essa comissão, formada por deputados, oficializava os resultados das eleições.
As peças para o funcionamento da "política dos governadores" foram, basicamente, a Comissão de Verificação e o coronelismo, através do controle sobre a Comissão de Verificação, a legalização de qualquer resultado era possível.
O título de "coronel" era recebido ou comprado. Geralmente o termo era utilizado para designar os fazendeiros ou comerciantes mais ricos da cidade que estavam por todos os municípios.
Com a proclamação e a adoção do federalismo, os coronéis passaram a ser as figuras dominantes do cenário político dos municípios, seu poder residia no controle que exerciam sobre os eleitores. Todos tinham eleitores cativos que votavam candidatos por eles indicados, em geral através de troca de favores fundados na relação de compadrio.
A importância do coronel se media por sua capacidade de controlar o maior número de votos, dando-lhe prestígio fora de seu domínio, assim conseguia ob¬ter favores dos governantes e lhe dava condições para preservar o seu domínio.
Os problemas causados pelo aumento do consumo geraram uma dívida com Inglaterra, era uma maneira de enfrentar as importações. Essa dívida foi renegociada. O acordo financeiro consistiu no seguinte: o Brasil substituiu o pagamento em dinheiro por pagamento em títulos e um novo empréstimo lhe foi concedido para criar condições futuras de pagamento dos débitos. O governo federal adotou uma política para desestimular as importações e fomentou a indústria nacional para criar condições para o abastecimento através da produção nacional própria.
As fazendas de café estavam pelo interior, distantes de onde era vendido o produto, as condições de transporte eram precárias... Os cafeicultores acabaram delegando a terceiros, os comissários, a colocação de sua produção no mercado, eram pessoas de confiança que moravam perto dos centros de consumo e exportação.
Os comissários terminaram concentrando em suas mãos os produtos de vários fazendeiros e viraram em importantes intermediários. Intermediários que atuaram como banqueiros financiando as produções. Os estrangeiros começaram a procurar novamente aos fazendeiros para negociar a compra antecipada e abaratar custos.
O mercado brasileiro estava em profunda transformação.
O esquema tinha sido o seguinte: fazendeiros/comissários/ensacadores/exportadores/importadores/comissários - fazendeiros.
A decisão dos exportadores de negociar diretamente com os fazendeiros modificou também sua forma de atuação, nomearam-se agentes e representantes de vendas pelo interior.
O mercado ficou mais segmentado, mas em compensação, mais livre.
A produção do café cresceu em ritmo acelerado, o mercado consumidor europeu e norte-americano não tinham o mesmo ritmo. A oferta foi maior que a procura, o preço do café começou a despencar no mercado internacional, trazendo sérios riscos para os fazendeiros.
Nos primeiros dois anos do século XX, o excesso de desprezo do café foi de 1 a 4 o que alarmou a cafeicultura.
Para solucionar o problema, os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro se reuniram e resolveram regular a oferta, com empréstimo do exterior, adquiriram a produção que excedesse o consumo do mercado internacional, se a produção fosse insuficiente, a compra seria liberada.
Estabelecia-se, assim, a primeira política de valorização do café.
O acordo foi desde 1906 até 1910 e cerca de 8,5 milhões de sacas do café tinham sido quitas do mercado.
O futuro da economia cafeeira continuou incerto e surgiram movimentos sociais.
O tenentismo surgiu no início da década de 1920 foi um movimento de caráter político-militar, liderado por tenentes, que faziam oposição ao governo oligárquico. Defendiam a moralidade política, mudanças no sistema eleitoral com a implantação do voto secreto e transformações no ensino público do país.
A política do café-com-leite sofreu duras críticas de empresários ligados à indústria, que neste período estava em expansão.
O movimento durou até 1924, não conseguiu produzir resultados imediatos na estrutura política do país, mas conseguiu manter viva a revolta contra o poder das oligarquias, e preparou o caminho para a Revolução de 1930 que alterou definitivamente as estruturas de poder no país. Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a política do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro. Porém, o presidente Paulista, Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, à sucessão rompendo com o café-com-leite.
Os Descontentes formaram, com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul a Aliança Liberal para lançar a presidência o gaúcho Getúlio Vargas.
Júlio Prestes saiu vencedor nas eleições de abril de 1930, os políticos da Aliança Liberal, que alegaram fraudes eleitorais.
Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.

Presidentes da República Velha:
• 1. Marechal Deodoro da Fonseca (15/11/1889 a 23/11/1891),
• 2. Marechal Floriano Peixoto (23/11/1891 a 15/11/1894),
• 3. Prudente Moraes (15/11/1894 a 15/11/1898),
• 4. Campos Salles (15/11/1898 a 15/11/1902) ,
• 5. Rodrigues Alves (15/11/1902 a 15/11/1906),
• 6. Affonso Penna (15/11/1906 a 14/06/1909),
• 7. Nilo Peçanha (14/06/1909 a 15/11/1910),
• 8. Marechal Hermes da Fonseca (15/11/1910 a 15/11/1914),
• 9. Wenceslau Bráz (15/11/1914 a 15/11/1918),
• 10.Delfim Moreira da Costa Ribeiro (15/11/1918 a 27/07/1919),
• 11.Epitácio Pessoa (28/07/1919 a 15/11/1922),
• 12.Artur Bernardes (15/11/1922 a 15/11/1926),
• 13.Washington Luiz (15/11/1926 a 24/10/1930).

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