Séculos XIX e XX

Séculos XIX e XX

martes, 22 de junio de 2010

O Brasil e a Argentina. Texto 5 : Século XIX na Argentina

1810 - 1890
No ano 1810, o primeiro ato de alguns membros da Junta de Governo foi tentar ser independentes do poder espanhol.
Na junta, já estavam representados os dois grupos que fariam a história argentina.
Moreno e Saavedra estiveram frente a frente. A questão apresentada tinha duas soluções possíveis a independência imediata ou manter o mesmo sistema comercial, eles foram seus representantes.
Os mais vigorosos impulsores da Revolução de Maio (Belgrano, Castelli, Moreno e Paso) influídos pela Revolução Francesa, desejavam a liberdade de comércio, pois a metrópole não permitia o desenvolvimento da colônia.
Os escritos de Moreno, apoiados pela maioria dos intelectuais da época, ainda são vigentes.
O General Saavedra, tinha pouca afeição pelos escritos e pela filosofia, quase não temos escritos seus. Nessa disputa saiu vencedor. Moreno partiu em missão diplomática para a Inglaterra e morreu misteriosamente,...
Nos tempos seguintes, vários foram os intentos de se organizar e muitas as lutas.
San Martín e Belgrano tiveram destaque por suas idéias de unidade e federalismo, mas cada região defendia seus interesses sem idéia de unidade, Buenos Aires não tinha interesse na unidade, era uma cidade poderosa e por seu porto passavam as mercadorias todas.
As pessoas se substituíram sem poder real enquanto, em 1816 se dita a Independência Formal, mais nos fatos não foi.
O caos jurídico e a administração desorganizada prejudicavam qualquer intento de independência real.

Em síntese várias eram as lutas, Buenos Aires de frente às províncias, os europeus de frente aos nativos, as províncias com seus caudilhos enfrentados, as províncias enfrentadas entre elas....
Estas lutas internas devoravam os recursos e o nível de vida tinha caído muito.
Os saqueios eram permanentes, a perda de vidas, e de bens provocadas pelas guerras civis devastavam as famílias.
A economia tinha começado com uma integração ao mercado mundial exportando produtos agropecuários. Inserção dependente.
A partir de 1850 na Europa industrializada se necessitavam lãs, a exportação permitiu modernizar as fazendas, aramaram-se os campos, instalaram-se moinhos de água e todos os progressos da época.
Os donos moravam nas cidades, nas fazendas os trabalhadores.
A pesar dos acordos e patos entre províncias e caudilhos, a organização começou depois da Batalha de Caseros em fevereiro de 1852 onde Urquiza, chefe do litoral, vence a Rosas chefe do governo de Buenos Aires. Não foi pela unidade, foi guerra de chefes...
Em 1853 se dita a Primeira Constituição, jurada por 13 províncias. Esta Constituição, repetidamente violada, foi referência, mas Buenos Aires funcionava como estado aparte, era independente...
A partir do 1854 começou um período mais estável e presidencialista sendo eleito Justo José de Urquiza, a capital de “La Confederación Argentina” ficou no litoral, em Paraná.
Foi incentivada a imigração européia para tarefas agrícolas, estabeleceram-se três novas alfândegas e liberaram-se as navegações dos rios para o comércio internacional, enquanto Buenos Aires dita sua Constituição.
As tropas da Confederação derrotaram a Buenos Aires e se nacionalizou sua alfândega.
Com a designação de Domingo Faustino Sarmiento como Diretor de Escolas em 1856, fez-se do ensino público gratuito um instrumento do avanço.
O crescimento escolar foi avassalador.
O aumento do gasto, as dívidas, a queda das importações criaram uma crises muito importante já que a economia dependia das importações e estas, descenderam à metade.
As pessoas tinham desconfiança nos bancos e eram muito reduzidos os depósitos.
Com a chegada massiva dos imigrantes se começou a povoar o território e mudou a composição da população. Ingressaram mais de três milhões de pessoas em sua maioria italianos, espanhóis, alemãs, ingleses, russos, polacos, sírios... Mais de 70 % dos imigrantes morariam em Buenos Aires, os outros dariam origem às grandes cidades do litoral, Cordoba e Mendoza enquanto as províncias do norte ficariam com povoações nativas.
Quase terminando o século, a Igreja que era muito influente, teve conflitos com os habitantes, muitos dos quais não eram católicos, tinham vindo muitos anarquistas ateus da Itália e da Espanha.
As famílias ricas tinham-se afastado da cidade de Buenos Aires pela febre amarela, suas casas foram aproveitadas para se alugar. As casas tinham muitos quartos, em cada um morava uma família imigrante e compartilhavam o pátio e muitas vezes a cozinha e o banheiro. Essas casas eram antigas e, por sua antiguidade, precárias. As pessoas moravam apertadas e o desconforto no dia a dia fazia crescer as saudades e a inquietude. Eles desejavam melhorar seus níveis de vida, vieram com histórias de lutas no sindicalismo europeu e estavam prontos para trabalhar mais lutariam por seus direitos.
Os fazendeiros fundaram a Sociedade Rural Argentina em 1866.

Nos trabalhos do campo predominaram os nativos. Os imigrantes apostavam à acessão social que se lograria sendo colonos, comprando terras, e com a educação de seus filhos. A educação básica na época era gratuita e obrigatória.
Mas as compras das terras tinham limitações, os grandes terratenentes tiveram muitos quilômetros e só as locavam. Por isso, as pessoas não ficavam nos campos e foram às cidades como operários, alguns compravam com créditos hipotecários de muito difícil pagamento.
Os que tinham um ofício lograram a ascensão social tão ansiada e seus filhos lograram ser profissionais ou ocuparam um cargo no estado. Os que ficavam sem trabalho nas cidades se converteram em mendigos.
O modelo de país era agro-exportador, os imigrantes tinham direitos civis mais segundo o modelo proposto, tinham sido convocados para o trabalho e nenhuma outra atividade era-lhe aceitada, as tenções cresciam. No princípio do século seguinte se avizinhavam fortes lutas.

Os conflitos inter-regionais existiram até 1880. Falava-se de unidade, mais sem uma capital nem uma instituição financeira. As elites tinham procedência heterogênea e não tinham espaços formativos comuns, não tinham interesses nem atividades comuns. De essa época, se faloara como de caos social e jurídico, de anarquia.
O voto para presidente não era secreto, obrigatório também não.
Até fim do século se sucederam os presidentes Derqui, que renunciou aos poucos, e terminaram seu período Mitre, Sarmiento, Avellaneda, Roca (1880-1886). Com ele, se acelerou o crescimento econômico, as transformações foram muito notáveis e foi Juarez Celman, seu sucesor, iniciado na política por seu cunhado Roca, quem deu impulso à obra pública mais não pôde manter a estabilidade econômica e unificou aos opositores tendo que renunciar em 1890.
Estes governos todos, liberais no econômico, se caracterizaram pelo desprezo ao nativo, Sarmiento disse: “Não devemos economizar sangue dos gaúchos, é um abono útil para a terra” enquanto seu aporte na educação teve destaque. Acho que é a pessoa mais controversa da Argentina do século XIX.
Roca manejou os filos da política durante mais de 30 anos fazendo complicadas alianças, foi apelidado de “O Zorro”. Participou de todas as guerras nesse período, Buenos Aires e a Confederação, a Guerra do Triplo Aliança, a guerra do Paraguai, na Rebelião Federal... Já em 1878 tinha apresentado um projeto no Congresso da Nação para fazer uma ofensiva contra os indígenas que moravam no sul para ampliar o território. Iniciou a “Campanha ao Deserto”.
A região não tinha povoadores brancos e de civilização européia, os habitantes eram indígenas nômades por isso era chamado de “deserto”.
A lei dizia: “a presença do índio estorva o acesso ao imigrante que quer trabalhar”. Os indígenas foram mortos ou afastados à fronteira com o Chile, uns 10000 nativos foram prisioneiros, as mulheres foram de criadas nas casas... as terras obtidas foram regaladas ou vendidas a políticos importantes. O irmão de Roca, Ataliva, comprou muitas terras a um custo baixo, depois as vendeu por muito mais valor aos colonos... Sarmiento tinha dito: ”O presidente Roca faz negócios e seu irmão ‘ataliva’” querendo dizer que fazia “mordeduras”.
Sobre o tema pôde-se ler o “Informe Oficial da Comissão Científica que acompanhou ao Exército Argentino”.
Desde o ponto de vista econômico, Roca deu prosperidade à nação com aportes do estrangeiro. Criaram-se estradas, como as terras ficavam longe do porto, valorizaram-se com os trens, assim puderam exportar carnes congeladas, couros e produtos agrícolas (milho e outros). Desarrolhou-se o agro, as exportações, se separou a igreja do estado ditando as leis do casamento civil, crio o Registro Civil... Deu impulso à educação... Buenos Aires se transformou em 1881, em Território Federal.
Hilda Mendoza
Criação pessoal baseada em livros de História, sindo seus autores Bartolomé Mitre, Milcíades Peña, José Luis Busaniche, Rodolfo Puiggrós, Felipe Pigna

lunes, 21 de junio de 2010

O Brasil e a Argentina. Texto 4 : Século XIX no Brasil

1808 - 1889
O Brasil teve uma longa história de lutas sociais e étnicas, foram lutas de resistência contra a dominação a que estavam sujeitos, nelas já estava presente o problema da autonomia e das estratégias dos diferentes grupos sociais.
O homem branco, com sua cultura e instituições trazidas da Europa, foi o que introduziu formas de organização que por ser diferentes às existentes, iriam gerar os crescentes conflitos sociais que se foram agravando na transição da época mercantil à época industrial.
A economia estava baseada inicialmente no escambo, mas logo foi organizada em torno dos latifúndios do açúcar e do café, que se somaria à exploração mineral de ouro e diamantes.
A produção baseada na mão de obra escrava, índia e negra deu a essa dominação e exploração, também um caráter étnico.
Às primeiras indústrias metalúrgicas e manufatureiras, foram a fábrica de ferro de Sorocaba, a fabrica de armas de Minas, a indústria Mauá, em Niterói.
Em 1850 havia já cerca de 50 indústrias, entre fábricas de tecidos, alimentação, metalurgia e produtos químicos.
Consideram-se diferentes períodos na história do século XIX
O período joanino:
Com a invasão de Napoleão D. João VI decidiu mudar a corte para o Brasil, evitando ser aprisionado com sua família e o governo, tornando possível manter a autonomia portuguesa a partir do Brasil. Manteve assim também o Brasil em poder de Portugal.
A Corte de D. João permaneceu no Brasil desde 1808 até 1821 quando a ex-colônia brasileira se converteu em sede da monarquia. Em 1808, D. João aportou na Bahia, onde assinou uma Carta Régia abrindo os portos brasileiros ao comércio com as nações amigas. Depois, ele e sua Corte partiram em direção ao Rio de Janeiro. Na nova capital tomou várias medidas: revogou a proibição das manufaturas no Brasil; criou a Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação e o Banco do Brasil (é interessante ler todo o desenvolvimento da época)...
Os anos seguintes de sua permanência no Brasil foram marcados pela assinatura dos tratados com a Grã-Bretanha e pela elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves. No campo militar, seu governo enfrentou uma revolta em Pernambuco em 1817.
O Nordeste do Brasil, tinha dificuldades econômicas pela queda do preço do açúcar a isso se somavam os pesados impostos cobrados para custear os gastos da monarquia instalada no Rio de Janeiro. A eclosão social foi iminente, surgiu um movimento separatista em Pernambuco nesse ano. A profunda insatisfação dos colonos que enfrentavam dificuldades econômicas, somadas às idéias de liberdade e igualdade que agitavam a Europa e a América, os levaram à conspiração, quando criado o Governo Provisório.
O movimento recebeu a adesão da Paraíba e do Rio Grande do Norte. O governo republicano publicou a Lei Orgânica que destacava a igualdade de direitos e a garantia da propriedade privada, decretou também a extinção do impostos. Este movimento, de caráter republicano, separatista e anti-lusitano fracassou, não obstante, deixou profundas raízes na sociedade pernambucana, que anos mais tarde revolta-se novamente.
D. João aboliu efetivamente o regime colonial ao estabelecer a sede da monarquia e promoveu uma inversão de papéis entre Brasil e Portugal. Foram abolidas uma a uma as velhas engrenagens da administração colonial, e foram substituídas por outras de uma nação soberana. Caíram-se as restrições econômicas e passaram para um primeiro plano os interesses do país.
O Brasil constituiu uma base essencial da economia portuguesa. A exportação era quase toda canalizada pelos portos brasileiros; e a importação ia quase toda do Brasil. As matérias-primas tropicais faziam escala em Lisboa e de aí eram reexportadas para o exterior.
Muitos nobres, instalados na corte do Rio, viviam à custa dos bens que possuíam no Portugal. Assim, a política joanina de romper antigas subordinações do Brasil em relação à Metrópole provocou crises em Portugal.
D. João VI prestou juramento à futura Constituição portuguesa em 1821, tropas portuguesas dos quartéis do Rio de Janeiro amotinaram-se, exigindo que D. João VI retornasse ao Portugal, para evitar uma guerra civil nomeou Regente seu filho primogênito e embarcou para Lisboa e em 1825 reconhece a independência política do Brasil.

Período do Império.
Primeiro reinado.

A independência política do Brasil em 1822 marcou o fim do tráfico de escravos. O reconhecimento da independência política do Brasil, proclamada por seu filho, D. Pedro deu início ao período do Império até 1889. D. Pedro I foi imperador até 1831. Ele acreditava que a melhor maneira de eliminar a escravidão seria de uma maneira gradual, com a imigração de trabalhadores europeus para substituir aos escravos que viriam a faltar. A escravidão não se resumia somente a negros, havia casos de brancos escravos. Ter escravos estava muito difundido, pessoas com pouco dinheiro compravam um, apenas pudessem.
O Imperador combatia a escravidão e entrava em choque com a população que via em suas ações uma demonstração de autoritarismo.
Poucos foram os que se aliaram a D. Pedro na primeira metade do século na luta pelo fim da escravidão. A maior parte, permanecia hostil às idéias abolicionistas. Depois de várias décadas seu filho, D. Pedro II e sua neta, lograram extingui-la.
A Constituição previa que, o Brasil seria comandado por uma regência de três autoridades. A Regência Trina tinha um representante de cada uma das três grandes vertentes políticas no país, os liberais, os conservadores e os militares. Mostraram-se democráticos e federalistas, pois criaram as Assembléias Legislativas provinciais, para dar maior autonomia às províncias brasileiras descentralizando. Além disso, a cidade do Rio de Janeiro foi município neutro.
Viúvo desde 1826, contrai segundas núpcias por procuração em 1829. Ao morrer João VI para evitar o conflito com seu irmão absolutista que tinha participado por duas vezes em tentativas de assassínio do seu pai e não era visto com bons olhos pelos portugueses, torna-se Rei de Portugal, abdicou aos poucos em favor da sua filha Maria da Gloria e regressou ao Brasil porque a Constituição brasileira não lhe permitia ser monarca de dois países. Acordou o casamento da filha com o tio, mas as alianças dele com os setores mais absolutistas o forçaram a regressar a Portugal para lutar pela causa liberal e pelo reconhecimento do direito da sua filha ao trono português.
Em 1831 abdica da coroa do Brasil em favor de seu filho Pedro II e parte para Portugal.

Segundo reinado.
A maioridade de Dom Pedro II é decretada pela Assembléia Geral e assume o trono, com apenas 14 anos. O Brasil teve um período de império com dois reinados. Dom Pedro II conseguiu, nos primeiros anos de seu governo um Brasil estável e próspero.
Assim cumpriu 18 anos por negociações diplomáticas, foi assinado o contrato de casamento com a Princesa Teresa Cristina Maria. Como princesa real, teve uma educação esmerada: belas artes, música, canto, bordado, francês e religião. Possuía natureza sensível, inteligência apurada e inclinada naturalmente ao culto da arte. Estudiosa da cultura clássica, interessou-se especialmente pela arqueologia e as descobertas que estavam sendo realizadas na sua época,
Ela seria conhecida como "a imperatriz arqueóloga” e daria muito incentivo as manifestações culturais do Brasil.
Seguiu a tendência centralizadora com a nomeação de todos os cargos de hierarquia.
O fato também se percebeu na organização do Código de Processo Criminal, na admissão de uma espécie de Parlamentarismo na Constituição. Cria-se o Banco do Brasil....
Logrou-se certa coesão ao superar o segundo ciclo de revoltas por questões sociais e disputas de elites.
Mostrou a crescente força do poder central para sufocar as revoltas.
A Revolução Farroupilha (no sul do Brasil) quando D. Pedro II assumiu o trono, tomava proporções assustadoras, além disso, a região estava próxima de conseguir a independência do resto do país, o fato foi controlado com inteligência por D.Pedro II. Ele nomeou Comandante-chefe do Exército, a quem tinha sufocado as revoltas em Minas e em São Paulo. Além da liderança no Exército, foi agraciado com o título de Presidente da província do Rio Grande do Sul, negociou com líderes e fez manifestos patrióticos integrando-se.
D. Pedro II interveio na política ou militarmente nos vizinhos da região do Cone Sul sempre que sentisse que era de importância estratégica para os interesses do Brasil. Orientando-se no sentido de evitar o fortalecimento da Argentina, Uruguai e Paraguai, Oribe (Uruguai) e Rosas (Buenos Aires) buscavam criar um só país, isso desequilibraria as forças, já que o novo país controlaria os dois lados do rio da Prata. Os interesses do Brasil na região estavam em perigo. D. Pedro II declarou a guerra aos dois países, e mandou organizar um novo exército no Sul, invadiu o Uruguai, derrubando Oribe e apagando a possibilidade do Uruguai se fundir com a Argentina e o Brasil se aliou às tropas do general Urquiza para lutar contra Rosas.

O Paraguai era independente política e economicamente com estado regulador e incentivo à indústria. Tinha uma política autônoma. Os ingleses não permitiram isso porque o Brasil e a Argentina deixariam de comercial com eles. Articulou-se um conflito que finalizou com a guerra do Paraguai, o país mais desenvolvido da América. Foi uma guerra que deixou sem homens ao Paraguai, eles defenderam com a vida seu país.

O Paraguai foi derrotado pelos três países e sua economia despedaçada.
Uma forte seca no norte causou muitos mortos (mais que a guerra do Paraguai). Também teve que enfrentar a resistência dos povos, que se manifestaram com revoltas, aos aumentos dos impostos...

As práticas das escolas foram transferidas a uma Escola Central (depois será a Escola Politécnica) e foi criada outra Academia Militar.

Ao ter o mundo maior poder econômico, cresceu a demanda do café brasileiro favorecendo aos produtores que exportavam. Os paises que se industrializavam também necessitavam de matérias-primas. Isso desarrolhou os meios de transporte e determinou uma nova organização dos setores mercantil e financeiro. Parte dos lucros gerados na produção de café se usaram na montagem de fábricas desenvolvendo assim às indústrias.
Em 1850 aboliu-se a escravatura embora não foi de cumprimento efetivo. Em 1871 se promulgou a Lei do Ventre Livre que dá liberdade aos filhos de escravos nascidos no Brasil.
O que mais favoreceu o crescimento interno econômico foi a solução do problema da mão-de-obra através da imigração européia além da expansão do crédito, através de uma reforma bancária, que deu recursos para a formação de novas lavouras cafeeiras. Em São Paulo, reduziram o custo de transporte para os proprietários das novas lavouras que estavam no interior paulista a expansão das redes ferroviárias.
Diversificaram-se as atividades econômicas estimulando a urbanização. Os investimentos feitos na compra de escravos eram direcionados para a mecanização da indústria e pagamento de salários.
As pessoas ligadas ao café comandavam todos os setores da economia, isso não acontecia nos engenhos de açúcar onde os proprietários ficavam nas tarefas específicas e o setor financeiro estava a cargo de outros setores.
As transformações na estrutura produtiva fora gerada pela cafeicultura que possibilitou a vagarosa a gradual modernização da sociedade brasileira, que transformaria a sociedade rural e escravista em uma sociedade urbana industrial.
Nessa época, o Império passou a financiar a imigração de europeus para que se dedicassem à agricultura, foram milhões de imigrantes europeus, na sua maioria italianos, espanhóis e portugueses, além de contingentes menores de alemães, russos, suíços e de outras nacionalidades. No início do século XX, começou a imigração de japoneses.
Propuseram lhe que se tornasse o Imperador da Ibéria ( unificação do Portugal com a Espanha). O monarca brasileiro aceitou a proposta e realizou os preparativos para partir para a Europa e derrotar os absolutistas em favor dos constitucionalistas. A aceitação da oferta da coroa imperial da península Ibérica seria uma das razões que levaria D. Pedro a abdicar do trono brasileiro.
Os Partidos Republicanos do Rio de janeiro e de São Paulo criaram clima de intensa agitação. E pediram a intervenção militar o Exército se mostrou sensível ao pedido. Os líderes republicanos se reuniram com o marechal da Fonseca, pedindo-lhe que liderasse o movimento para depor a monarquia ele aceitou a proposta. No dia 15 de novembro de 1889, a República foi final¬mente proclamada.
Foi uma época de grande progresso cultural e industrial, com o crescimento e a consolidação da Nação Brasileira onde se criaram e reformularam escolas e faculdades, onde se fomentaram as artes e as manifestações culturais.
Hilda Mendoza
Bibliografia:História do Brasil (Francisco de Assis Silva)
Brasil e Argentina (Boris Fausto e Fernando Devoto)
http://es.wikipedia.org

O Brasil e a Argentina. Texto 3 : Síntese. Século XIX

1808 - 1889
Os movimentos sociais têm ocorrido durante a História da Humanidade toda e variam muito em termos de métodos, duração e motivações. Eles têm podido dar-se em formas pacíficas ou violentas.
Os resultados serão grandes mudanças na cultura, na economia e nos ideários políticos.
Estes movimentos sociais e os desenvolvimentos econômicos determinaram os crescimentos dos países.
BrasilArgentina

Foi um século de governo forte e unificado, onde se promoveu o desenvolvimento econômico, cultural e educacional.
Também se organizou o país juridicamente, promulgou-se a liberação dos escravos, processo vagaroso e imprescindível para o progresso da humanidade.
Transformou-se a sociedade rural e escravista em uma sociedade urbana industrial.




Foi um século de inserção mundial dependente, caos jurídico, lutas pelo poder e estado ausente.
Liberaram-se os escravos nos primeiros anos do século.
Depois de 1860 começou a organização política intervindo somente as pessoas de origem europeu, educadas na Europa ou nas universidades de Chuquisaca ou Córdoba.
Deu-se impulso à educação, elevando-se muito o número de centros educativos. Fez-se o primeiro censo nacional. Criara-se o Teatro Colón e Escolas Militares, de Marina...

Uma síntese mais cumprida será feita no texto seguinte...
Hilda Mendoza
Bibliografia:História do Brasil (Francisco de Assis Silva)
Brasil e Argentina (Boris Fausto e Fernando Devoto)
http://es.wikipedia.org

sábado, 12 de junio de 2010

O Brasil e a Argentina. Texto 2: A população

A população é um aspeto central à hora de falar dos países, é o que dá coesão aos espaços e lhe dá forma. Cabe destacar que os dois países se abriram à imigração em momentos coincidentes, logo que adquirir autonomia em relação às metrópoles européias.
Uma das consequências da invasão napoleônica na península ibérica foi a fuga da família Real do Portugal para o Brasil enquanto o Rei de Espanha foi prisioneiro e, a futura Argentina ficou sem Rei. Isso marcou uma diferença muito importante na época (acho que esboçou as características futuras dos povos).
O Brasil começou seu desarrolho com a monarquia (1808), enquanto nas colônias espanholas começaram a buscar a independência (1810) e começaram as guerras civis. Elas foram retratadas em forma ótima pelo pintor Cándido López (1840-1912).
Em 1872, os estrangeiros constituíam 30% da população do Rio de Ja¬neiro, enquanto em Buenos Aires, em 1869, já representavam 50%. A distribuição espacial da população se manteve bastante estável nos dois países durante a primeira metade do século XIX.
Do ponto de vista social, dois aspectos importantes são o escravismo e a composição étnica. Em relação ao primeiro ponto, vale assinalar, que a população escrava era muito mais significativa no Brasil.
Na composição étnica da população, assinalarei, que o componente branco foi mais significativo na Argentina, não obstante a coexistência, em ambos países, de negros, índios e mestiços os processos foram diferentes.

Brasil. Nos inícios, o Brasil adotou uma ativa política de povoação das províncias do Sul, com colonos provenientes, sobretudo, da Alemanha, Tal política ganharia força nos anos 1820 e 1830. A criação das colônias tinha o caráter estratégico de povoar as regiões contíguas à fronteira mais conflituosa do país. Foi uma imigração centralizada, organizada e subsidiada pelo Estado. As origens foram de monopolio Imperial e os comerciântes provenientes da ex-metrópole eram os que ganhavam espaço sobretudo na década de 1840.
O fluxo inmigratorio, foi mais lento que na Argentina. Há que ter em conta a proporção de escravos que chegaram ao Brasil, muito superior e que só disminuera, por os obstáculos ingleses ao tráfico e do número crescente de alforrias.
Os escravos trazidos do África, sempre buscaram a liberdade, devemos recordar que os povos africanos se recusavam à submissão, à exploração, à violência do sistema colonial e do escravismo surgindo os verdadeiros núcleos de resistência ao colonialismo que representaram uma das maiores expressões de luta organizada pela liberdade: Os Quilombos. Um dos mais emblemáticos foi o de Palmares, resistiu mais de em século.
O tráfico de escravos cresceu durante a década de 1820 e se manteve elevado na seguinte, apesar de ter sido proibido em 1831, por uma lei promulgada cedendo a pressões inglesas, mas que não foi cumprida. O processo de emancipação só ganharia força a partir de 1850, ao se decretar a extinção do tráfico e a Lei do Ventre Livre –lei de relativo benefício-
A abolição definitiva seria em 1888.
O sistema escravista se generalizou a tal ponto que ocupou uma parte essencial na vida social das cidades e dos campos. Os escravos tinham inexistência jurídica como pessoas, e presença na vida social. Havia proprietários de centenas de escravos, concentrados nas grandes fazendas, e, ao mesmo tempo, nas cidades pessoas que possuíam apenas um ou dois escravos. Os cativos desempenharam papéis na esfera produtiva nos latifúndios, nas tarefas domésticas, em atividades urbanas, ... na prostituição a serviço dos senhores... A visão que associou a escravidão à organização da "casa-grande” não pode ser generalizada para todo o país, sendo característica especialmente de algumas áreas do Nordeste. A escravidão produziu, profundas diferenças sociais que se projetaram nos planos políticos e identitários, com repercussão nos sentimentos de integração e pertencimento social. As camadas pobres dos homens e mulheres livres também foram marginalizadas e não tinham participação política até avanzada a organização do país.
Após da extinção do tráfico externo e com o declínio econômico do Norte e do Nordeste, com a implantação da economia cafeeira no Rio de Janeiro e depois em São Paulo, gerou-se um intenso tráfico de pessoas para essas áreas. As migrações internas dos países sempre foram por questões econômicas.
Apesar de competirem em franca desvantagem, mulatos nascidos em liberdade ou alforriados conseguiram, por vezes, romper as barreiras que limitavam a ascensão social, ingressando até na vida política e literária. A questão da mestiçagem produziu no Brasil intensos debates.
Jean Baptiste Debret 1827.
A origem étnica foi também uma barreira para a ascensão social, existia uma massa considerável de escravos excluídos do sistema.
“No Brasil houve entre 1831 e 1835 um longo ciclo de rebeliões populares, envolvenndo conjuntamente setores urbanos e tropas do Exército, no Rio de Janeiro, no Recife e em Salvador. Isso sem contar a Revolta dos Malês, uma grande rebelião de escravos e libertos, majoritariamente muçulmanos, ocorrida em Salvador em 1835, que culminou numa série de conflitos endêmicos” (B e A Boris Fausto, Fernando Devoto).
O tema não está resolvido mas algumas medidas apontam ao melhoramento das condições dos históricamente excluidos.
Brasil, país mixturado não sempre pacíficamente tem povos amantes da liberdade, das consignas moderadas trouxidas da Revolução Francesa... História de lutas e fidelidades as raças sem límites...
Argentina. Ao ter uma junta de Governo, se abriram os portos às nações amigas e depois, se liberalizou o comércio exterior. Promoveram a colonização, através de acordos com agentes intermediários, oferecendo concessões de terras e crédito. As colônias escocesas, alemãs, inglesas,... acabaram por fracassar, pelas guerras civis e as dificuldades econômicas que os colonos tiveram de enfrentar, além de não tiver circuitos de comercialização, ao tamanho das unidades de exploração eram pequenas... O fato foi que nenhuma delas sobreviveu. A imigração de mas susseso foi a de caráter espontâneo, sem planos prévios...
A Primeira Junta de Governo estabeleceu a liberdade de imigração em 1810, o que, favoreceu a entrada de comerciantes europeus, sobretudo ingleses e franceses, que se beneficiavam tanto das liberdades comerciais como do fim do monopólio colonial. Durante a década de 1830 a imigração européia começou a representar números significativos.
Irlandeses, genoveses, bascos e franceses iniciaram o povoamento das cidades, assim como de algumas zonas rurais. Tratava-se, porém, de uma imigração que vinha substituir uma população faltante, mais do que um impulso demográfico novo, não foran integrados os índios na vida sacial.... Na cidade de Buenos Aires de 1855 já os estrangeiros representavam 30% da população.
A escravidão sempre teve importância secundária no sistema produtivo argentino e a redução ocorreu mais rapidamente, a partir da decretação da Lei do Ventre Livre, já em 1813. Além disso, ela diminuiu ainda mais em consequência das crises econômicas e à estrategia dos governos de turno: Os escravos tiveram a proposta de trocar sua escravidão pela participação nas guerras. Ao aceitar, foram os primeiros mortos por pertenecer às primeiras filas nas batalhas.
Em 1854 se decreta a libertação de todos os escravos. Na mesma época, foi decretado o fim da servidão indígena.
O componente branco na população era, não obstante a coexistência, de negros, índios e mestiços.
Cándido Lópes 1866
A característica diferencial étnica entre os dois países tornou-se ainda mais nítida com o incremento da imigração em massa européia, a partir aproximadamente da década de 1870, mais relevante e desordenada na Argentina do que no Brasil.
Os fenómenos foram regionais mais a população se alterou muito en favor dos brancos. Cabe destacar o genocidio emprendido pelo General Roca com apoio dos grandes donos de terra. Matavam aos índios e como testemunha do fato tinham que trazer suas orelhas... asim, os terratenientes ganaram milhoes de hetáreas de terra,... Até a derrota dos índios, o espaço semeado de trigo era de 130 mil ha. Quatro décadas mais tarde, a superfície era de mais de seis milhões de há. Esses poderosos cujas famílias ainda são donas dos médios de produção, dos médios de comunicação, de... Os índios foram afastados à fronteira, sem terras, sem alimentos, sem possibilidades... Formaram parte dos marginados sociais juntos com os europeus que ficaram pobres... Com a melhora econômica nas cidades, esses povos voltaram como trabalhadores não qualificados ou como ambulantes, morando nas favelas perto de seus trabalhos precários, sendo desprezados e discriminados pelos que lograram sobreviver às investidas dos poderosos,... às vezes tão pobres como eles...
A sociedade civil teve um pouquinho mais de igualitarismo social e maiores possibilidades de ascensão no século XX já que a população era majoritariamente livre e, ao mesmo tempo, muito mobilizada, caraterística que continua até nossos dias.
Os que moramos na Argentina sabemos que no dia a dia nos cruzaremos sempre com algúm grupo mobilizado fazendo reclamação... Isso o percebemos agora, nas épocas das furiosas ditaduras não estávamos mobilizados... Dissem que isso se chama de supervivência dos povos...
Hilda Mendoza
Bibliografia:
História do Brasil (Francisco de Assis Silva)
Brasil e Argentina (Boris Fausto e Fernando Devoto)

O Brasil e a Argentina. Texto 1: Os Territórios

Século XIX: Nascerão os dois países
Ambas nascem com territórios enormes, subpovoados e subocupados. A área do Brasil, no entanto, era três vezes maior que a da futura Argentina, têm uma diferença que tem a ver com os respectivos legados coloniais e processos de independência.
Na Argentina, organizaram todos os seus territórios ligando-os a um único porto de saída natural (para a época), de Buenos Aires enquanto Brasil possuía um sistema com diversos portos ligados alternativamente. Isso originou diferentes elites.
A vida no Brasil era mais raquítica que nas cidades espanholas da Argentina, já que a tendência era viver nas propiedades rurais. Na Argentina se criaram cidades onde morariam os propietarios rurais.

Brasil
No momento da independência o Brasil, dominava cerca da metade de seu futuro território.
Em meados do século um terço de seu território eram ocupados por grupos indígenas, menos articulados com a civilização. No Brasil, a relação com os territórios não controlados era menos conflituosa e mais distante no espaço ou tratava-se de grupos sedentarizados.
Esses grupos não constituíam uma ameaça.
O Brasil fora povoado da costa para o interior, e essa penetração le dará à civilização brasileira uma inserção predominantemente litorânea e uma certa continuidade espacial.
As sucessivas economias exportadoras no Nordeste e no Sul, embora destinassem sua produção para o abastecimento das áreas dinâmicas, também constituíam economias de exportação.
O Brasil não tinha nada comparável ao eixo fluvial do Litoral argentino. Existia, o rio Amazonas, que viria a ser uma importante via de comunicação no Norte, sobretudo depois de 1866, quando foi aberto à navegação internacional. Os outros rios eram de difícil navegação natural, e o Estado imperial pouco faria para melhorar sua navegabilidade. Apesar de possuir uma rede hidrográfica muito extensa, fazia pouquíssimo uso dela. Dispunha, em compensação, de um sistema de portos que permitia, ao menos teoricamente, uma comunicação inter-regional.
Essa multiplicidade de portos, no entanto, significava também um potencial desestímulo à unidade.
Com o tempo, isso geraria tensões e competição entre as várias regiões portuárias, redundando no desenvolvimento de interesses regionais conflitantes. Por outro lado, o Brasil possuía um sistema de estradas terrestres melhor que o da Argentina, principalmente nas regiões Sul e Centro-Sul. Nesta, o eixo principal era o chamado Caminho Novo, aberto no século XVIII.
Na primeira metade do século XIX, o Estado brasileiro — e antes o português — investiu muito na melhoria das comunicações terrestres.
As novas estradas brasileiras se concentraram nas proximidades do Rio de Janeiro sede do imperio, oferecendo uma alternativa muito melhor para a comunicação. Os dois maiores centros, Salvador e Rio de Janeiro, tinham dimensões populacionais equivalentes às de Buenos Aires, mas integravam melhor as regiões e as ligavam ao exterior sem, no entanto, favorecer a emergência de um centro unificador.

Argentina
No momento da independência, a Argentina dominava pouco mais de um terço de seu futuro território.
Em meados do século, pouco avançara, com quase metade de seu território ainda em poder dos índios articulados com a civilização por intensos intercâmbios.
Esses grupos constituíam uma ameaça, atacavam os povados jamais tentaram sua inclusão.
A Argentina fora ocupada a partir de seus dois extremos, o Noroeste e o rio la Prata, região que compreende as províncias de Buenos Aires, Santa Fé, Entre Ríos, Corrientes. Houve ainda uma povoação secundária a partir do oeste (Chile), chamado Cuyo. Essas duas zonas principais eram ligadas por uma linha muito estreita, o que tornava mais heterogênea que o Brasil.
Deve-se levar em conta, além da continuidade espacial, as vias le transporte que são articuladoras do espaço. O território era articulado pelas vias marítimas e fluviais que o atravessavam. Dispunha de um eixo fluvial, em torno dos rios da Prata, Paraná e Uruguai, que dava muita coesão uma dessas regiões, a do Litoral, de economia mais dinâmica. Em compencação, carecia de boas vias terrestres que fizessem a ligação desta com a região Noroeste. A mais transitada era a antiga estrada para Potosí, muito precária, embora com um bom sistema de postas, onde se efetuava a muda dos cavalos. Não tinha comunicação entre as diversas sub-regiões. À presença de índios belicosos somava-se a uma total ausência de trabalhos públicos para tornar minimamente seguras e transitáveis outras vias de transporte, como a que ligava Buenos Aires às províncias de Cuyo. Não se fariam estradas, já que as guerras da independência e as guerras civis ocupavam o tempo todo.
A única porta de comunicação do país com o exterior, seu único porto internacional era Buenos Aires, e não era um bom porto natural tornava a tarefa do desembarque de pessoas e mercadorias muito penosa. A geografia urbana prenunciava uma unificação forçada em torno da cidade portuária.
Hilda Mendoza
Bibliografia:
História do Brasil (Francisco de Assis Silva)
Brasil e Argentina (Boris Fausto e Fernando Devoto)