Séculos XIX e XX

Séculos XIX e XX

martes, 22 de junio de 2010

O Brasil e a Argentina. Texto 5 : Século XIX na Argentina

1810 - 1890
No ano 1810, o primeiro ato de alguns membros da Junta de Governo foi tentar ser independentes do poder espanhol.
Na junta, já estavam representados os dois grupos que fariam a história argentina.
Moreno e Saavedra estiveram frente a frente. A questão apresentada tinha duas soluções possíveis a independência imediata ou manter o mesmo sistema comercial, eles foram seus representantes.
Os mais vigorosos impulsores da Revolução de Maio (Belgrano, Castelli, Moreno e Paso) influídos pela Revolução Francesa, desejavam a liberdade de comércio, pois a metrópole não permitia o desenvolvimento da colônia.
Os escritos de Moreno, apoiados pela maioria dos intelectuais da época, ainda são vigentes.
O General Saavedra, tinha pouca afeição pelos escritos e pela filosofia, quase não temos escritos seus. Nessa disputa saiu vencedor. Moreno partiu em missão diplomática para a Inglaterra e morreu misteriosamente,...
Nos tempos seguintes, vários foram os intentos de se organizar e muitas as lutas.
San Martín e Belgrano tiveram destaque por suas idéias de unidade e federalismo, mas cada região defendia seus interesses sem idéia de unidade, Buenos Aires não tinha interesse na unidade, era uma cidade poderosa e por seu porto passavam as mercadorias todas.
As pessoas se substituíram sem poder real enquanto, em 1816 se dita a Independência Formal, mais nos fatos não foi.
O caos jurídico e a administração desorganizada prejudicavam qualquer intento de independência real.

Em síntese várias eram as lutas, Buenos Aires de frente às províncias, os europeus de frente aos nativos, as províncias com seus caudilhos enfrentados, as províncias enfrentadas entre elas....
Estas lutas internas devoravam os recursos e o nível de vida tinha caído muito.
Os saqueios eram permanentes, a perda de vidas, e de bens provocadas pelas guerras civis devastavam as famílias.
A economia tinha começado com uma integração ao mercado mundial exportando produtos agropecuários. Inserção dependente.
A partir de 1850 na Europa industrializada se necessitavam lãs, a exportação permitiu modernizar as fazendas, aramaram-se os campos, instalaram-se moinhos de água e todos os progressos da época.
Os donos moravam nas cidades, nas fazendas os trabalhadores.
A pesar dos acordos e patos entre províncias e caudilhos, a organização começou depois da Batalha de Caseros em fevereiro de 1852 onde Urquiza, chefe do litoral, vence a Rosas chefe do governo de Buenos Aires. Não foi pela unidade, foi guerra de chefes...
Em 1853 se dita a Primeira Constituição, jurada por 13 províncias. Esta Constituição, repetidamente violada, foi referência, mas Buenos Aires funcionava como estado aparte, era independente...
A partir do 1854 começou um período mais estável e presidencialista sendo eleito Justo José de Urquiza, a capital de “La Confederación Argentina” ficou no litoral, em Paraná.
Foi incentivada a imigração européia para tarefas agrícolas, estabeleceram-se três novas alfândegas e liberaram-se as navegações dos rios para o comércio internacional, enquanto Buenos Aires dita sua Constituição.
As tropas da Confederação derrotaram a Buenos Aires e se nacionalizou sua alfândega.
Com a designação de Domingo Faustino Sarmiento como Diretor de Escolas em 1856, fez-se do ensino público gratuito um instrumento do avanço.
O crescimento escolar foi avassalador.
O aumento do gasto, as dívidas, a queda das importações criaram uma crises muito importante já que a economia dependia das importações e estas, descenderam à metade.
As pessoas tinham desconfiança nos bancos e eram muito reduzidos os depósitos.
Com a chegada massiva dos imigrantes se começou a povoar o território e mudou a composição da população. Ingressaram mais de três milhões de pessoas em sua maioria italianos, espanhóis, alemãs, ingleses, russos, polacos, sírios... Mais de 70 % dos imigrantes morariam em Buenos Aires, os outros dariam origem às grandes cidades do litoral, Cordoba e Mendoza enquanto as províncias do norte ficariam com povoações nativas.
Quase terminando o século, a Igreja que era muito influente, teve conflitos com os habitantes, muitos dos quais não eram católicos, tinham vindo muitos anarquistas ateus da Itália e da Espanha.
As famílias ricas tinham-se afastado da cidade de Buenos Aires pela febre amarela, suas casas foram aproveitadas para se alugar. As casas tinham muitos quartos, em cada um morava uma família imigrante e compartilhavam o pátio e muitas vezes a cozinha e o banheiro. Essas casas eram antigas e, por sua antiguidade, precárias. As pessoas moravam apertadas e o desconforto no dia a dia fazia crescer as saudades e a inquietude. Eles desejavam melhorar seus níveis de vida, vieram com histórias de lutas no sindicalismo europeu e estavam prontos para trabalhar mais lutariam por seus direitos.
Os fazendeiros fundaram a Sociedade Rural Argentina em 1866.

Nos trabalhos do campo predominaram os nativos. Os imigrantes apostavam à acessão social que se lograria sendo colonos, comprando terras, e com a educação de seus filhos. A educação básica na época era gratuita e obrigatória.
Mas as compras das terras tinham limitações, os grandes terratenentes tiveram muitos quilômetros e só as locavam. Por isso, as pessoas não ficavam nos campos e foram às cidades como operários, alguns compravam com créditos hipotecários de muito difícil pagamento.
Os que tinham um ofício lograram a ascensão social tão ansiada e seus filhos lograram ser profissionais ou ocuparam um cargo no estado. Os que ficavam sem trabalho nas cidades se converteram em mendigos.
O modelo de país era agro-exportador, os imigrantes tinham direitos civis mais segundo o modelo proposto, tinham sido convocados para o trabalho e nenhuma outra atividade era-lhe aceitada, as tenções cresciam. No princípio do século seguinte se avizinhavam fortes lutas.

Os conflitos inter-regionais existiram até 1880. Falava-se de unidade, mais sem uma capital nem uma instituição financeira. As elites tinham procedência heterogênea e não tinham espaços formativos comuns, não tinham interesses nem atividades comuns. De essa época, se faloara como de caos social e jurídico, de anarquia.
O voto para presidente não era secreto, obrigatório também não.
Até fim do século se sucederam os presidentes Derqui, que renunciou aos poucos, e terminaram seu período Mitre, Sarmiento, Avellaneda, Roca (1880-1886). Com ele, se acelerou o crescimento econômico, as transformações foram muito notáveis e foi Juarez Celman, seu sucesor, iniciado na política por seu cunhado Roca, quem deu impulso à obra pública mais não pôde manter a estabilidade econômica e unificou aos opositores tendo que renunciar em 1890.
Estes governos todos, liberais no econômico, se caracterizaram pelo desprezo ao nativo, Sarmiento disse: “Não devemos economizar sangue dos gaúchos, é um abono útil para a terra” enquanto seu aporte na educação teve destaque. Acho que é a pessoa mais controversa da Argentina do século XIX.
Roca manejou os filos da política durante mais de 30 anos fazendo complicadas alianças, foi apelidado de “O Zorro”. Participou de todas as guerras nesse período, Buenos Aires e a Confederação, a Guerra do Triplo Aliança, a guerra do Paraguai, na Rebelião Federal... Já em 1878 tinha apresentado um projeto no Congresso da Nação para fazer uma ofensiva contra os indígenas que moravam no sul para ampliar o território. Iniciou a “Campanha ao Deserto”.
A região não tinha povoadores brancos e de civilização européia, os habitantes eram indígenas nômades por isso era chamado de “deserto”.
A lei dizia: “a presença do índio estorva o acesso ao imigrante que quer trabalhar”. Os indígenas foram mortos ou afastados à fronteira com o Chile, uns 10000 nativos foram prisioneiros, as mulheres foram de criadas nas casas... as terras obtidas foram regaladas ou vendidas a políticos importantes. O irmão de Roca, Ataliva, comprou muitas terras a um custo baixo, depois as vendeu por muito mais valor aos colonos... Sarmiento tinha dito: ”O presidente Roca faz negócios e seu irmão ‘ataliva’” querendo dizer que fazia “mordeduras”.
Sobre o tema pôde-se ler o “Informe Oficial da Comissão Científica que acompanhou ao Exército Argentino”.
Desde o ponto de vista econômico, Roca deu prosperidade à nação com aportes do estrangeiro. Criaram-se estradas, como as terras ficavam longe do porto, valorizaram-se com os trens, assim puderam exportar carnes congeladas, couros e produtos agrícolas (milho e outros). Desarrolhou-se o agro, as exportações, se separou a igreja do estado ditando as leis do casamento civil, crio o Registro Civil... Deu impulso à educação... Buenos Aires se transformou em 1881, em Território Federal.
Hilda Mendoza
Criação pessoal baseada em livros de História, sindo seus autores Bartolomé Mitre, Milcíades Peña, José Luis Busaniche, Rodolfo Puiggrós, Felipe Pigna

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