Séculos XIX e XX

Séculos XIX e XX

sábado, 12 de junio de 2010

O Brasil e a Argentina. Texto 1: Os Territórios

Século XIX: Nascerão os dois países
Ambas nascem com territórios enormes, subpovoados e subocupados. A área do Brasil, no entanto, era três vezes maior que a da futura Argentina, têm uma diferença que tem a ver com os respectivos legados coloniais e processos de independência.
Na Argentina, organizaram todos os seus territórios ligando-os a um único porto de saída natural (para a época), de Buenos Aires enquanto Brasil possuía um sistema com diversos portos ligados alternativamente. Isso originou diferentes elites.
A vida no Brasil era mais raquítica que nas cidades espanholas da Argentina, já que a tendência era viver nas propiedades rurais. Na Argentina se criaram cidades onde morariam os propietarios rurais.

Brasil
No momento da independência o Brasil, dominava cerca da metade de seu futuro território.
Em meados do século um terço de seu território eram ocupados por grupos indígenas, menos articulados com a civilização. No Brasil, a relação com os territórios não controlados era menos conflituosa e mais distante no espaço ou tratava-se de grupos sedentarizados.
Esses grupos não constituíam uma ameaça.
O Brasil fora povoado da costa para o interior, e essa penetração le dará à civilização brasileira uma inserção predominantemente litorânea e uma certa continuidade espacial.
As sucessivas economias exportadoras no Nordeste e no Sul, embora destinassem sua produção para o abastecimento das áreas dinâmicas, também constituíam economias de exportação.
O Brasil não tinha nada comparável ao eixo fluvial do Litoral argentino. Existia, o rio Amazonas, que viria a ser uma importante via de comunicação no Norte, sobretudo depois de 1866, quando foi aberto à navegação internacional. Os outros rios eram de difícil navegação natural, e o Estado imperial pouco faria para melhorar sua navegabilidade. Apesar de possuir uma rede hidrográfica muito extensa, fazia pouquíssimo uso dela. Dispunha, em compensação, de um sistema de portos que permitia, ao menos teoricamente, uma comunicação inter-regional.
Essa multiplicidade de portos, no entanto, significava também um potencial desestímulo à unidade.
Com o tempo, isso geraria tensões e competição entre as várias regiões portuárias, redundando no desenvolvimento de interesses regionais conflitantes. Por outro lado, o Brasil possuía um sistema de estradas terrestres melhor que o da Argentina, principalmente nas regiões Sul e Centro-Sul. Nesta, o eixo principal era o chamado Caminho Novo, aberto no século XVIII.
Na primeira metade do século XIX, o Estado brasileiro — e antes o português — investiu muito na melhoria das comunicações terrestres.
As novas estradas brasileiras se concentraram nas proximidades do Rio de Janeiro sede do imperio, oferecendo uma alternativa muito melhor para a comunicação. Os dois maiores centros, Salvador e Rio de Janeiro, tinham dimensões populacionais equivalentes às de Buenos Aires, mas integravam melhor as regiões e as ligavam ao exterior sem, no entanto, favorecer a emergência de um centro unificador.

Argentina
No momento da independência, a Argentina dominava pouco mais de um terço de seu futuro território.
Em meados do século, pouco avançara, com quase metade de seu território ainda em poder dos índios articulados com a civilização por intensos intercâmbios.
Esses grupos constituíam uma ameaça, atacavam os povados jamais tentaram sua inclusão.
A Argentina fora ocupada a partir de seus dois extremos, o Noroeste e o rio la Prata, região que compreende as províncias de Buenos Aires, Santa Fé, Entre Ríos, Corrientes. Houve ainda uma povoação secundária a partir do oeste (Chile), chamado Cuyo. Essas duas zonas principais eram ligadas por uma linha muito estreita, o que tornava mais heterogênea que o Brasil.
Deve-se levar em conta, além da continuidade espacial, as vias le transporte que são articuladoras do espaço. O território era articulado pelas vias marítimas e fluviais que o atravessavam. Dispunha de um eixo fluvial, em torno dos rios da Prata, Paraná e Uruguai, que dava muita coesão uma dessas regiões, a do Litoral, de economia mais dinâmica. Em compencação, carecia de boas vias terrestres que fizessem a ligação desta com a região Noroeste. A mais transitada era a antiga estrada para Potosí, muito precária, embora com um bom sistema de postas, onde se efetuava a muda dos cavalos. Não tinha comunicação entre as diversas sub-regiões. À presença de índios belicosos somava-se a uma total ausência de trabalhos públicos para tornar minimamente seguras e transitáveis outras vias de transporte, como a que ligava Buenos Aires às províncias de Cuyo. Não se fariam estradas, já que as guerras da independência e as guerras civis ocupavam o tempo todo.
A única porta de comunicação do país com o exterior, seu único porto internacional era Buenos Aires, e não era um bom porto natural tornava a tarefa do desembarque de pessoas e mercadorias muito penosa. A geografia urbana prenunciava uma unificação forçada em torno da cidade portuária.
Hilda Mendoza
Bibliografia:
História do Brasil (Francisco de Assis Silva)
Brasil e Argentina (Boris Fausto e Fernando Devoto)

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