Séculos XIX e XX

Séculos XIX e XX

sábado, 12 de junio de 2010

O Brasil e a Argentina. Texto 2: A população

A população é um aspeto central à hora de falar dos países, é o que dá coesão aos espaços e lhe dá forma. Cabe destacar que os dois países se abriram à imigração em momentos coincidentes, logo que adquirir autonomia em relação às metrópoles européias.
Uma das consequências da invasão napoleônica na península ibérica foi a fuga da família Real do Portugal para o Brasil enquanto o Rei de Espanha foi prisioneiro e, a futura Argentina ficou sem Rei. Isso marcou uma diferença muito importante na época (acho que esboçou as características futuras dos povos).
O Brasil começou seu desarrolho com a monarquia (1808), enquanto nas colônias espanholas começaram a buscar a independência (1810) e começaram as guerras civis. Elas foram retratadas em forma ótima pelo pintor Cándido López (1840-1912).
Em 1872, os estrangeiros constituíam 30% da população do Rio de Ja¬neiro, enquanto em Buenos Aires, em 1869, já representavam 50%. A distribuição espacial da população se manteve bastante estável nos dois países durante a primeira metade do século XIX.
Do ponto de vista social, dois aspectos importantes são o escravismo e a composição étnica. Em relação ao primeiro ponto, vale assinalar, que a população escrava era muito mais significativa no Brasil.
Na composição étnica da população, assinalarei, que o componente branco foi mais significativo na Argentina, não obstante a coexistência, em ambos países, de negros, índios e mestiços os processos foram diferentes.

Brasil. Nos inícios, o Brasil adotou uma ativa política de povoação das províncias do Sul, com colonos provenientes, sobretudo, da Alemanha, Tal política ganharia força nos anos 1820 e 1830. A criação das colônias tinha o caráter estratégico de povoar as regiões contíguas à fronteira mais conflituosa do país. Foi uma imigração centralizada, organizada e subsidiada pelo Estado. As origens foram de monopolio Imperial e os comerciântes provenientes da ex-metrópole eram os que ganhavam espaço sobretudo na década de 1840.
O fluxo inmigratorio, foi mais lento que na Argentina. Há que ter em conta a proporção de escravos que chegaram ao Brasil, muito superior e que só disminuera, por os obstáculos ingleses ao tráfico e do número crescente de alforrias.
Os escravos trazidos do África, sempre buscaram a liberdade, devemos recordar que os povos africanos se recusavam à submissão, à exploração, à violência do sistema colonial e do escravismo surgindo os verdadeiros núcleos de resistência ao colonialismo que representaram uma das maiores expressões de luta organizada pela liberdade: Os Quilombos. Um dos mais emblemáticos foi o de Palmares, resistiu mais de em século.
O tráfico de escravos cresceu durante a década de 1820 e se manteve elevado na seguinte, apesar de ter sido proibido em 1831, por uma lei promulgada cedendo a pressões inglesas, mas que não foi cumprida. O processo de emancipação só ganharia força a partir de 1850, ao se decretar a extinção do tráfico e a Lei do Ventre Livre –lei de relativo benefício-
A abolição definitiva seria em 1888.
O sistema escravista se generalizou a tal ponto que ocupou uma parte essencial na vida social das cidades e dos campos. Os escravos tinham inexistência jurídica como pessoas, e presença na vida social. Havia proprietários de centenas de escravos, concentrados nas grandes fazendas, e, ao mesmo tempo, nas cidades pessoas que possuíam apenas um ou dois escravos. Os cativos desempenharam papéis na esfera produtiva nos latifúndios, nas tarefas domésticas, em atividades urbanas, ... na prostituição a serviço dos senhores... A visão que associou a escravidão à organização da "casa-grande” não pode ser generalizada para todo o país, sendo característica especialmente de algumas áreas do Nordeste. A escravidão produziu, profundas diferenças sociais que se projetaram nos planos políticos e identitários, com repercussão nos sentimentos de integração e pertencimento social. As camadas pobres dos homens e mulheres livres também foram marginalizadas e não tinham participação política até avanzada a organização do país.
Após da extinção do tráfico externo e com o declínio econômico do Norte e do Nordeste, com a implantação da economia cafeeira no Rio de Janeiro e depois em São Paulo, gerou-se um intenso tráfico de pessoas para essas áreas. As migrações internas dos países sempre foram por questões econômicas.
Apesar de competirem em franca desvantagem, mulatos nascidos em liberdade ou alforriados conseguiram, por vezes, romper as barreiras que limitavam a ascensão social, ingressando até na vida política e literária. A questão da mestiçagem produziu no Brasil intensos debates.
Jean Baptiste Debret 1827.
A origem étnica foi também uma barreira para a ascensão social, existia uma massa considerável de escravos excluídos do sistema.
“No Brasil houve entre 1831 e 1835 um longo ciclo de rebeliões populares, envolvenndo conjuntamente setores urbanos e tropas do Exército, no Rio de Janeiro, no Recife e em Salvador. Isso sem contar a Revolta dos Malês, uma grande rebelião de escravos e libertos, majoritariamente muçulmanos, ocorrida em Salvador em 1835, que culminou numa série de conflitos endêmicos” (B e A Boris Fausto, Fernando Devoto).
O tema não está resolvido mas algumas medidas apontam ao melhoramento das condições dos históricamente excluidos.
Brasil, país mixturado não sempre pacíficamente tem povos amantes da liberdade, das consignas moderadas trouxidas da Revolução Francesa... História de lutas e fidelidades as raças sem límites...
Argentina. Ao ter uma junta de Governo, se abriram os portos às nações amigas e depois, se liberalizou o comércio exterior. Promoveram a colonização, através de acordos com agentes intermediários, oferecendo concessões de terras e crédito. As colônias escocesas, alemãs, inglesas,... acabaram por fracassar, pelas guerras civis e as dificuldades econômicas que os colonos tiveram de enfrentar, além de não tiver circuitos de comercialização, ao tamanho das unidades de exploração eram pequenas... O fato foi que nenhuma delas sobreviveu. A imigração de mas susseso foi a de caráter espontâneo, sem planos prévios...
A Primeira Junta de Governo estabeleceu a liberdade de imigração em 1810, o que, favoreceu a entrada de comerciantes europeus, sobretudo ingleses e franceses, que se beneficiavam tanto das liberdades comerciais como do fim do monopólio colonial. Durante a década de 1830 a imigração européia começou a representar números significativos.
Irlandeses, genoveses, bascos e franceses iniciaram o povoamento das cidades, assim como de algumas zonas rurais. Tratava-se, porém, de uma imigração que vinha substituir uma população faltante, mais do que um impulso demográfico novo, não foran integrados os índios na vida sacial.... Na cidade de Buenos Aires de 1855 já os estrangeiros representavam 30% da população.
A escravidão sempre teve importância secundária no sistema produtivo argentino e a redução ocorreu mais rapidamente, a partir da decretação da Lei do Ventre Livre, já em 1813. Além disso, ela diminuiu ainda mais em consequência das crises econômicas e à estrategia dos governos de turno: Os escravos tiveram a proposta de trocar sua escravidão pela participação nas guerras. Ao aceitar, foram os primeiros mortos por pertenecer às primeiras filas nas batalhas.
Em 1854 se decreta a libertação de todos os escravos. Na mesma época, foi decretado o fim da servidão indígena.
O componente branco na população era, não obstante a coexistência, de negros, índios e mestiços.
Cándido Lópes 1866
A característica diferencial étnica entre os dois países tornou-se ainda mais nítida com o incremento da imigração em massa européia, a partir aproximadamente da década de 1870, mais relevante e desordenada na Argentina do que no Brasil.
Os fenómenos foram regionais mais a população se alterou muito en favor dos brancos. Cabe destacar o genocidio emprendido pelo General Roca com apoio dos grandes donos de terra. Matavam aos índios e como testemunha do fato tinham que trazer suas orelhas... asim, os terratenientes ganaram milhoes de hetáreas de terra,... Até a derrota dos índios, o espaço semeado de trigo era de 130 mil ha. Quatro décadas mais tarde, a superfície era de mais de seis milhões de há. Esses poderosos cujas famílias ainda são donas dos médios de produção, dos médios de comunicação, de... Os índios foram afastados à fronteira, sem terras, sem alimentos, sem possibilidades... Formaram parte dos marginados sociais juntos com os europeus que ficaram pobres... Com a melhora econômica nas cidades, esses povos voltaram como trabalhadores não qualificados ou como ambulantes, morando nas favelas perto de seus trabalhos precários, sendo desprezados e discriminados pelos que lograram sobreviver às investidas dos poderosos,... às vezes tão pobres como eles...
A sociedade civil teve um pouquinho mais de igualitarismo social e maiores possibilidades de ascensão no século XX já que a população era majoritariamente livre e, ao mesmo tempo, muito mobilizada, caraterística que continua até nossos dias.
Os que moramos na Argentina sabemos que no dia a dia nos cruzaremos sempre com algúm grupo mobilizado fazendo reclamação... Isso o percebemos agora, nas épocas das furiosas ditaduras não estávamos mobilizados... Dissem que isso se chama de supervivência dos povos...
Hilda Mendoza
Bibliografia:
História do Brasil (Francisco de Assis Silva)
Brasil e Argentina (Boris Fausto e Fernando Devoto)

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