Séculos XIX e XX

Séculos XIX e XX

viernes, 6 de agosto de 2010

Minha posição sobre a “Campanha ao Deserto”

Neste momento falo como neta de europeus que tinham vindo ao país por ser expulsos da Europa pela fome e as guerras.
Acho que não é tudo igual. Conquistadores e conquistados... colonizadores e colonizados...
Mas acho que há um valor supremo que é a vida mesma e a igualdade dos seres humanos, se bem é certo que nascemos diferentes... Não é o mesmo nascer em uma família com casa e determinada tranquilidade econômica, que nascer com todo tipo de carências. As pessoas serão diferentes, mais essa diferença foi imposta pelas circunstâncias históricas, pelos valores da época, pela falta de solidariedade, pela supremacia de uma cultura sobre outra...
João justifica as mortes de pessoas pelo contexto histórico. Não há contexto para a morte de ninguém.
Antes da chegada dos conquistadores (meus avôs não foram conquistadores, simplesmente procuravam paz e trabalho...) os nativos viviam em seu território de acordo a seus costumes, suas tradições e suas culturas.
Acho que não há cultura superior à outra.
O fato de ter introduzido elementos de outras culturas não autoriza a ninguém o roubo organizado de terras.
Os povos originários pegaram o cavalo e a faca assim como nós pegamos elementos de outras culturas, agora, eu estou-me apropriando de uma língua que não é a minha, por exemplo ( e que não domino).
Como detalhe, aclararei que não todos eram nômades, sim “no deserto”. Sustento isso do detalhe. O ser sedentário também não autoriza o avassaiamento de ninguém, não.
Eram caçadores, amavam a terra, não contaminavam, respeitavam seus avôs, falavam com seus deuses, e, sem idealizar, alguns também firmaram patos secretos com os conquistadores para entregar a suas tribos. Como alguns brancos?
Acho que eu defenderia meus domínios se fosse invadida e atacada, sou mulher branca, é legal? É legal a defesa própria para os brancos? Alguém lembra os negócios fechados, os bancos protegidos quando no ano 2001, os esfomeados tinham vindo a Buenos Aires? Não estávamos defendendo o nosso? Ou íamos a entregar nosso fruto? Não o aceito não, mais quem não reclamou pelo roubado? Acho que só a justiça pode dissolver os fatos errados dos homens.
Os povos lutaram para se defender.
Atacaram? Sim, aos invasores... Eles tiveram outra justiça... (entendo, não justifico)
Além disso, Que é um deserto? Desabitado disse o Aurélio. Não estava desabitado, não. Tinha habitantes de outra cor, de outros costumes, com outros valores, tão válidos como os dos povos todos.
Foram afastados à fronteira, suas terras foram regaladas ou vendidas (vou postar o Texto da Argentina no século XIX que estou escrevendo, tento...) o irmão de Roca, Ataliva, comprou muitas léguas que depois vendeu aos colonos a dez vezes seu valor. Era tudo tão corrupto que o próprio Sarmiento disse: Julio Argentino Roca faz os negócios e seu irmão “ataliva” (sentido figurado por “mordida”).
Por que os soldados tinham que trazer testemunhos das mortes? Por que as orelhas não foram suficientes? Porque alguns soldados tinham piedade e sacavam as orelhas e deixavam viver, então pediu as cabeças!!!!!
Um número estimado de vários milhões moravam neste território... (Wikipedia) ... e sigo com Wikipedia: “Genocídio tem sido definido como o assassinato deliberado de pessoas motivado por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e (por vezes) políticas... O genocídio foi, na época da colonização européia na América Latina e na África, largamente utilizado para que com o extermínio dos povos indígenas, se tornasse mais fácil para a Europa a escravização daqueles que lá habitavam”
"Era preciso que eles pacificarem".... Ou era preciso que entregaram as terras sem resistência?
Sim, a expedição foi financiada com a venda antecipada de terras, de terras alheias, comunitárias... e com algum dinheiro aportado pelos “donos” do dinheiro da época (como há nomes que permanecem em nosso presente, prefiro não nomeá-los) que em “agradecimento” foram recompensados com 10 ou 12 ou 15 milhões de hectares (não miles)....
Os índios ficaram em reservas... As acho tão parecidas aos zoológicos...

É verdade que com o dinheiro obtido se financiaram muitos projetos que teriam custado muito levar adiante, o país “progrediu”.
Concordo com João, acho que só devemos voltar para o assunto para lembrar das coisas para não repetir mais, não para nos enfrentarmos. Hoje, temos que colocar todas as nossas energias na mortalidade dos índios que estão desaparecendo que estão precisando de atenção médica, educação e nutrição. Pode-se matar tanto com um fuzil quanto com o esquecimento. Muda o instrumento.

Não desejo falar da política partidarista de candidato ninguém, nem dos candidatos donos de meio Chaco, nem dos donos de meia patagônia, nem dos donos de meia Buenos Aires, nem os donos...

Sim desejo falar dos acontecimentos que fizeram que na Argentina, tivéramos povos excluídos para, como disse João, colocar nossas energias na ajuda solidária para se evitar repetir a história.
"A caridade é humilhante porque se exerce verticalmente e desde acima; a solidariedade é horizontal e implica respeito mutuo" Eduardo Galeano

Para pôr fim, outra vez Eduardo Galeano (perdão pela tradução E.G.)
A violência engendra violência, como se sabe; pero também engendra ganâncias para a indústria da violência, que a vende como espetáculo e a converte em objeto de consumo.

Um abraço João, e obrigada por fazer que a gente viva o sentimento solidário para com os povos excluídos de nossa pátria, para com os marginados da história.
As pessoas unidas nas diferenças seremos as que lograremos que nossa Argentina dê no alvo.
Hilda

Comentários
João disse...
Gostaria de esclarecer o seguinte perante sua afirmação de que eu justifico as mortes de pessoas pelo contexto histórico: Eu não justifico, não justifiquei e nunca justificarei a morte de qualquer ser humano pela mão de outro. Minha nota diz textualmente "Matar qualquer ser humano é um ato inapropriado e abominável". "Seria melhor que isso não tivesse acontecido. Odeio as guerras. Infelizmente, existiu". Minha intenção não foi para “justificar” senão para classificar um fato acontecido no passado como uma incursão militar, e não como um genocídio.
23 de junho de 2010 08:19

Hilda disse...

Perdão João, tinha interpretado em forma ruim seu comentário "Mas acho que não devemos esquecer o contexto dessa expedição militar na hora de colocar adjetivos" Passa ao sacar uma frase do contexto...
Fiquei com a frase...

1 comentario: